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- P O L Í T I C A -

JULGAMENTO DE CRIMINOSO SE TORNA BRIGA DE EGOS E ACABA EM PRESENÇA DE DEMENTADORES EM TRIBUNAL

O que tinha para ser uma representação da justiça bruxa acaba em tentativas desesperadas do Ministério de trazer a ordem à tona

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Poucos dias após o atentado em Hosgmeade, o julgamento do senhor Pietro Nosferus teve início no Ministério da Magia em Liechtenstein. Ele foi visto e reconhecimento após a concretização do ritual mágico cujo objetivo era deter o dragão que destruía a vila.

O réu: ex-medibruxo do hospital TvH, renomado na área da psiquiatria e também acusado de participar ou comandar o ataque terrorista, de assassinato, tortura, estupro, sequestro, uso de magia negra contra bruxos e trouxas inocentes, quebra da lei do sigilo mágico, além de ser um dos membros do grupo intitulado “Anjos da Morte”, responsável pela participação do sequestro do Ministro dos Povos meses atrás.

Na acusação, participava a Chefe do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, Georgine Henriette Marie D’Aviano e o Chefe do Departamento de Execuções das Leis da Magia, Thomas Dernach. Na defesa, o Chefe do Departamento de Mistérios, o senhor Bartholomeu Loebens.

Na teoria, o julgamento deveria ocorrer conforme os preâmbulos normais judiciais, contudo, o que se viu foi tudo, menos um julgamento de fato.

A acusação, principalmente por parte da senhorita D’Aviano, trabalhava apenas em probabilidades, numa criatividade de dar inveja a quaisquer contadores de histórias, como se vidas e mortes fossem feitas de estatísticas e provas circunstanciais.

A defesa considerava como “erros passados” os crimes de tortura, sequestro, assassinato e estupro cometidos pelo réu contra trouxas e bruxos. Como se matar e destruir vidas hoje ganhasse um novo conceito e ainda digno de arrependimento. Arrependimento este no qual somente o inominável acreditava. Pietro Nosferus não se mostrava arrependido ao transparecer seu cinismo, uma teatralidade sem tamanho não somente em seus gestos, como através de palavras evasivas, cheias de ofensas, acusações contra ministeriais e ameaças veladas.

Associar as memórias da senhorita Scamander à inocência de Pietro Nosferus do ataque de Hogsmeade foi uma artimanha interessante por parte da defesa. Porém, também evidenciou a falta não somente de comunicação entre departamentos como a inabilidade de delegar ações que seriam pertinentes a cada um. Afinal, as ações ministeriais do senhor Loebens foram muito além de suas atribuições. O chefe dos aurores não sabia nem da carta anônima cujo conteúdo dava indícios de um ataque contra bruxos, com direito até a data, como também, de que ele poderia ter sido evitado, se departamentos tivessem se unido em prol de um objetivo comum.

Contudo, defesa e acusação não podiam negar um fato: o réu estava na cena do crime, foi visto em circunstâncias nada favoráveis a sua pessoa, estava sem varinha, embora não necessariamente incapacitado de praticar magia, foi o dragão ou ao menos estava com ele quando o ataque de Hogsmeade estava acontecendo. Aliado a isto tinha um passado de crimes hediondos, “erros”, na verdade, que não corroborava em sua libertação.

O que se viu, no entanto, foi a preferência da defesa e da acusação em expor seus dotes artísticos em detrimento do julgamento, uma briga de egos alimentada por animosidades entre os chefes já existentes. Seguido a isto, vieram o descontentamento dos demais ministeriais participantes do julgamento ao andamento do mesmo e até a aparição do Ministro dos Povos Mágicos, contribuindo para o total desvio de foco do julgamento do réu em questão.

Defender a idoneidade do chefe inominável como também contribuir para a acusação do réu, ligando-o ao seu sequestro soou “loucura” para o Conselheiro, representante da Suprema Corte, o senhor Dragos Nicolae VI. Assim, o Ministro dos Povos deveria obedecê-lo, se sentar, contribuindo ao julgamento somente quando fosse requisitado. Já não bastasse, disse que as “tensões sexuais” existentes entre o senhor Loebens e a senhorita D’Aviano, deveriam ser deixadas de lado. E em seguida, ele destituiu, embora temporariamente, o Cacique Supremo, Alexander Neveu de seu cargo. Afinal, segundo o réu, o Cacique fazia parte da ordem das trevas “Anjos da Morte”, e, portanto, não era apto para o cargo que ocupava.

O Inquisidor, Niklaus Vanderhoff, em sua tentativa inepta “restaurar a ordem” do julgamento, trouxe o senhor Neveu ao seu cargo de Cacique. Investigações seriam feitas e até lá, o senhor Neveu deveria permanecer em seu cargo. Não se basearia apenas em acusações do réu para destituir o Cacique Supremo.
Em seguida, o inquisidor também trouxe a sentença do réu. Ela serviria não somente contra ele, mas, como ameaça velada contra aqueles que ousassem levantar-se contra o Ministério e contra a sociedade bruxa. Nosferus era condenado pelos seus crimes passados e como cúmplice do atentado de Hogsmeade. Portanto, deveria receber o beijo do dementador ali mesmo, no tribunal, cheio de civis. Patronos corpóreos existiriam, contudo, embora os dementadores sejam teoricamente subservientes ao Ministério da Magia, a história nos informa a eficácia destas criaturas em desviar da autoridade ministerial quando lhe é pertinente para ladear bruxos das trevas em suas investidas contra a sociedade.

Portanto, o que se viu no tribunal foi algo muito além do julgamento do senhor Nosferus. Foi hierarquias entre os ministeriais se tornarem meros distinguíveis de salários, e uma instituição mágica a qual deveria ser séria, dotada de pudor, ética e justiça, deixar cair sua máscara, evidenciando despreparo de bruxos os quais teoricamente deveriam ser competentes em conduzir um julgamento.

Como um Ministério que se diz responsável e representativo da sociedade mágica consegue ser tão inepto quando o assunto é segurança pública? Acham que criar monumentos históricos em lugares vitimados por terroristas servirá por alguma coisa? Não. Não vai. Apenas fará com que a lembrança daquele ato vil seja reavivada toda vez que os olhos dos sobreviventes cruzarem a estrutura de concreto.

Há tempos que se observa a ineficiência ministerial em suas atribuições; até o Ministro dos Povos, o representante máximo daquela Instituição conseguiu ser sequestrado por uma facção criminosa e praticante de artes das trevas. Sabemos que os departamentos têm suas próprias atribuições, contudo, mesmo em situações críticas não podem se unir numa força tarefa em prol de um objetivo comum que não seja a utilização de catástrofes para conseguir destaque pessoal? Talvez, assim, Hogsmeade teria sido poupada. Porém, fizeram de um julgamento uma cartilha de tudo aquilo que não se devia praticar num tribunal enquanto, inclusive, o hospital TvH era vítima de um novo ataque.

Quantas mortes serão necessárias para que algo seja feito? Os trouxas podem ter sido nossos algozes no passado, porém, hoje o que temos é representação da virulência através de mão mágica, numa busca infindável pelo poder, usando corpos de bruxos como escadas e uma bandeira ensanguentada como estandarte.
Assim, temos de um lado um Ministro dos Povos ausente, uma Suprema Corte exibicionista, antiética e sem nenhum pudor para baixaria, um inquisidor que acredita na exposição pública da condenação do réu como forma de intimidação para futuros levantes rebeldes e terroristas, Chefes de Departamento que alimentam rixas pessoais, amparados também num desejo de se destacar sobre tragédias alheias.

Do outro lado, temos terroristas ávidos para erguer o seu estandarte de vitória sobre corpos e sangue mágicos cunhados em ideais que sequer ousam balançar para que conheçamos pelo menos pelo que nossos irmãos morrem; terroristas sem propósito, sem caráter e compaixão, apenas o desejo de matar deliberadamente, sem princípios, além de formas diversas de banho de sangue para fazer-nos cantar a canção de nossa morte.

Eis que vos apresento o nosso Ministério da Magia e também nossos algozes diretos. E ai, caro leito, uma pergunta é feita: A quem devemos mais temer?

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Escrito por: Daphne Chamberlain.

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27/02/2016 às 14:40:02

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