{ FIM DO JOGO }

Uma série de fatores desenhavam a aflitiva cena em que nos encontrávamos no exato momento em que ultrapassei a aranha mecânica gigante por baixo e carreguei o sonserino comigo para longe dali. O primeiro deles era a vassoura que começou a girar em alta velocidade e continuamente, como se estivesse escorregando numa pista de patinação. O segundo era a tonteira e a incapacidade de identificar o que se passava ao nosso redor, devido às tantas voltas que dávamos. O terceiro era a instabilidade na direção da Alada, a qual tentava retomar com certa dificuldade com a mão esquerda, pressionando seu cabo com força. Já o quarto era o sonserino dependurado ao vento, tendo como único ponto de segurança o meu braço direito, que o agarrava firme contra o meu corpo na altura da barriga, evitando que o mesmo fosse arremessado para longe.

“Oh, meu Pai! Me ajuda a escapar dessa enrascada. Prometo que fico a semana todinha sem comer um sapinho de chocolate sequer.” - Orava por uma intervenção divina, que poderia ser acreditada como concedida, visto que o controle da vassoura retornava ao meu comando. - “Obrigada, Senhor! Obrigada!” - Agradeci mentalmente, logo em seguida indicando ao rapaz que ficasse a minha frente e guiasse a Alada, pois não conseguiria colocá-lo como carona na situação em que nos encontrávamos – de modo que o ruivo logo assentiu e se posicionou conforme o combinado. - Cuidado, ela é muito sensível. - Ponderei preocupada, afinal, tinha muita estima pela minha vassoura.

Ao contrário do que você (talvez) possa estar imaginando, as coisas ainda não estavam totalmente resolvidas. Existia um verdugo em nosso encalço. No entanto, havíamos nos distraído momentaneamente, sim, e a Alada pagou o preço por isso quando seguimos em nossa fuga e fomos surpreendidos por um novo ataque da criatura. Foi num piscar de olhos que sentimos o baque do ferrão da aranha biônica contra a vassoura, atirando-nos ao chão e nos fazendo rolar por muitos metros até que parássemos pelo encontro com a parede ao fim do corredor.

Meus movimentos estavam um pouco prejudicados e lerdos pela queda, o que pude observar enquanto me punha de pé, entretanto senti uma injeção de adrenalina em meu corpo alucinante ao ver que o monstro continuava sua investida. - GLACIUS!!! - Conjurei o feitiço do gelo sobre o chão diante de nós, torando-o uma superfície lisa e escorregadia para criatura. - VAMOS EMBORA, PHEL!! - Gritei apressada, puxando o sonserino pelo braço e correndo para o lado direito. - “Alada... Onde ela está?!” - Dei por falta da vassoura, porém sem conseguir vê-la dentro do meu campo de visão. - Accio Alada! - Invoquei minha aliada, observando-a fazer a surgir, vindo ao meu encontro. - Own... Graças a Deus você está bem! - Sorria para vassoura, pegando-a com a mão livre e reparando que o caminho que havia pegado terminava numa parede com uma porta.

- Será que é este o fim? Será que encontramos o fim do labirinto, Phel? - Questionei o menino, percebendo que, atrás de nós, o verdugo se chocava contra o mesmo muro que colidimos segundos antes e retomava seu curso em nossa busca. - Seja o fim, seja outro começo, não nos resta outra opção! Só espero que abra e que dê para passarmos e estarmos em segurança do outro lado. - Completei o diálogo iniciado, inserindo nele todas as minhas expectativas, que haviam sido bastante influenciadas pela ameaça real com a qual nos deparávamos. - Vamos, passe! - Ordenei ao garoto, tendo em vista que havia aberto a porta antes dele chegar, logo em seguida entrando também e fechando a porta com pressa, enquanto observava as bisonha mandíbulas da aranha quase abocanhando meu braço no processo. - Uffa! - Disse à medida que desabava de exaustão no piso de pedra da biblioteca de Hogwarts, o qual só viria a reconhecer depois de alguns minutos de recuperação física e emocional. - “E eu nem posso comer sapos de chocolate depois de tudo isso! DROGA!”


[ Dupla: Phelipe Schleswig ]