Deveria haver algum engano. Sua mulher estava perfeitamente saudável, não ocorreu nada de estranho durante os noves meses e agora, sem explicação, ela estava morta. Como poderia? Tudo isso por causa daquele ser que havia nascido, carregando consigo a vida da própria mãe. Seu rosto era redondo, vermelho e carregava nele um leve tom de culpa. Os olhos de seu pai o encaravam com ódio, como se o culpado por aquela morte fosse mesmo a criança de poucas horas de vida.
Cinco anos após criar sozinho o filho de nome Aiden, Ferdinan decide que já é hora de se importar um pouco com outras coisas que não fosse a básica educação do filho; como se alimentar, andar, falar e fazer birra para conseguir as coisas – sendo esta última a menos importante e mais irritante. Mulheres. Era exatamente o que ele precisava para se distrair depois de tanto tempo cuidando de uma criança insuportável e responsável pela morte de seu primeiro amor.
Poucos dias após o aniversário do garoto, leva para sua casa uma mulher qualquer, a qual automaticamente se torna sua esposa e madrasta de seu filho. Sendo muito pequeno para entender, Aiden não reluta em aceitar a mulher como sendo sua figura materna. Mal sabia ele que em alguns meses ela começaria a mostrar sua verdadeira face e intenções para com seu pai.
“Logo você irá para aquela escola e finalmente deixará de ser um estorvo na minha vida e na de seu pai” bradava a mulher exaltada quando Ferdinan não se encontrava em casa. Aiden sempre a olhava com desdém, buscando não demonstrar o ódio que agora nutria por aquela que o atormentara durante os últimos quatro anos. Toda vez que a via ao lado de seu pai demonstrando ser a melhor mulher do mundo, sentia tanto nojo que saía da mesa sem ao menos pedir licença. Era o mínimo que poderia fazer já que não tinha amigos e muito menos um lugar para ir.
Faltando apenas um único ano para que saísse de casa, Aiden percebeu o quão ruim era a situação dentro de sua própria casa. Seu pai já não dava tanta atenção para o filho – como se algum dia ele tivesse dado, de fato – e quando o olhava nos olhos, era somente para dizer-lhe o quanto se arrependia de tê-lo criado ao invés de dá-lo para algum trouxa criar. Em boa parte desses eventos, ele apenas abaixava a cabeça e escutava calado, assim como em outras ele se levantava e o deixava falando para as paredes.
E então, com a simples menção ao nome de Durmstrang em casa, seus olhos brilhavam em expectativa. Sentia como se fosse ser livre durante um ano inteiro, longe do inferno que já havia se tornado aquele lugar. Respirar outro ar, ouvir coisas diferentes de “você foi o culpado pela morte de sua mãe” e “você é um estorvo em nossas vidas”, ver pessoas diferentes e que, em uma remota possibilidade, o entendessem. Seria um novo começo para sua vida aos onze anos de idade... Como se isso fosse uma grande coisa.
[Ojesed] - Maior Sonho: Ver a mãe viva pela primeira vez e o pai livre de sua madrasta.
[Bicho Papão] - Maior Medo: Por motivos desconhecidos, tem ataques de pânico quando vê corujas.
[Testrálios] - Viu a Morte?: Não.
[Tattoo] - Marcas corporais: Tem um cicatriz no abdômen, devido a um acidente na escada de casa.