Ser um Vandenboncoeur é um privilégio. Normalmente, com esse poder, vinha as responsabilidades que poderiam subir à cabeça, mas também te empurrar de cabeça dentro de uma tumba. Durante diversas gerações, nossa família havia criado os melhores sucessores dentro de nossa empresa de espionagem e agentes secretos. Meus pais, avós, bisavós e tataravós haviam servido com honra e respeito ao trabalho imposto sobre seus ombros com heroísmo e lealdade, sem jamais falharem em suas missões. Independentemente se são rapazes ou moças, aqueles que carregam o sobrenome Vandeboncoeur devem reportar para seus preparativos como agentes após a formatura de suas escolas de bruxaria, partindo para Paris. Alguns, de parentescos distantes, casavam-se, tendo continuidade às suas famílias de sangue puro. Era comum que tivessem um ou no máximo dois filhos, orientando-os por todo o caminho e, quando completavam o treinamento, fossem então para suas designadas bases, revendo familiares, caso permitido.
Fui criado como filho único, recebendo tudo o que era necessário para me preparar para o treinamento de espião. Entretanto, de vez em antes de completar exatos quinze anos de idade, minha mãe descobrira que estava grávida, mais uma vez, trazendo uma modificação na estrutura familiar. Louie estava sendo cuidado diretamente por nossa mãe, que deixara de viajar o mundo em missões para preparar o garoto para o mundo. Quase quatro anos se passaram quando a matriarca da casa decidiu aventurar-se mais uma vez em uma nova missão, quando eu tinha 18 anos e estava no treinamento em Paris. Tudo estava indo bem, quando recebi a informação de que meus pais haviam morrido. Aquilo havia atiçado minha curiosidade: do que? Como? Porque?
Precisei ser forte e lidar com a situação, enquanto mantinha meus treinamentos árduos de espião. Casanova, um dos mais poderosos tutores que existiam na família Vandeboncoeur cuidou de Louie enquanto eu estava fora, em missões, ou aulas diversas. Enquanto estava em casa, gostava de passar tempo com um rapaz sagaz, divertido e que nem sequer imaginava seu destino. Havia optado por manter este assunto em silêncio com ele, para poder ter tempo o suficiente para descobrir o que havia acontecido com nossos pais. Os anos se passaram e nenhuma pista, foi ficando cada vez mais difícil de esconder a verdade do garoto, mas também de mantê-lo a salvo. Quando o tutor faleceu, recebi uma das mais estranhas missões: trabalhar como professor de etiqueta em uma escola bruxa de artes em Paris. O trabalho consistia, em sua maior parte, aprender e entender a dinâmica da instituição que formava e especializava alunos em modelos, artistas, pintores, cantores e etc. Precisava descobrir e matar o diretor da instituição, que se escondia em diversas faces, por usar o local para lavagem de dinheiro. Era um local bem pago para professores e alunos, mas ainda assim, alto nível de dinheiro passava por aqueles cofres.
Como um bom ator, por longos anos ensinei alunos a ser refinados, educados, e firmes, enquanto esperava pacientemente para encontrar a real face do diretor. O trabalho fora recompensado, alvo morto e sem rastros de que fora eu seu assassino, no exato tempo que recebera uma nova missão e uma estranha proposta. Seria a oportunidade perfeita de poder combinar família e emprego, já que Louie estaria indo para Beauxbatons na mesma época. Entretanto, isso também lhe expunha ao perigo, algo que o havia protegido durante muito tempo, mas talvez fosse a hora dele saber seu destino. Já tinha características para isso, só precisava aprender a usar.