Jamie nasceu em Salem e lá viveu desde que se conhece por gente. Vinda de uma família de mestiços (pai trouxa, mãe bruxa), sempre soube que carregava consigo alguma coisa muito especial. Somente com os passar dos anos a pequena bruxinha compreendeu que se tratava do sangue mágico, uma essência que poucos conseguiam de fato manter, mas que ela adquiriu devido a descendência da mãe, vinda da avó, e de sua bisavó que ganhou de sua tataravó, e assim por diante. Isso tudo porque a família Bloodworth sempre foi sangue purista – até, ao menos, uma das mulheres da família resolver vir com sua coragem para a América do Norte, há muitos anos atrás, afim de conquistar uma vida mais digna daquela que possuía na Inglaterra. Não é necessário dizer que o continente americano fez muito bem para ela, certo? E encontrou em Salem, uma pacata cidade de Massachusetts, o lugar ideal para começar a árvore genealógica que terminaria em Jamie.
Última descendente das mulheres Bloodworth, Jamie cresceu em volta de muito amor e carinho. Seus pais sempre foram muito atenciosos para com a sua criação, procurando educa-la da melhor maneira possível – isso porque, todos imaginam, a menina era uma exímia feiticeira, o que os fazia acreditar que ela elevaria o nome da família a outro nível. Em seu crescimento sempre lhe foi imposto a importância do nome, da grandeza de suas raízes, do tanto que as mulheres fizeram para lutar por suas descendentes e pelo sangue que corria em suas veias... Principalmente em uma época macabra da história estadunidense. Ela sempre reconheceu isso.
E tal coisa passou a ser mais latente quando ingressou no Instituto de Bruxas Salém com o propósito de estudar a magia que poderia dominar, entender seus aspectos históricos, sociais, filosóficos e técnicos, a fim de tornar-se aquilo tudo que todos gostariam que fosse. Jamie deu seu melhor sempre para orgulhar as mulheres que lhe paparicavam, para honrar o sobrenome e deixar seus pais orgulhosos, além de conseguir ser uma aluna exemplar. É claro que seu temperamento um tanto complicado fez com que algumas coisas dessem errado de vez em quando, mas a normalidade de sua vida chegava a ser invejável – para algumas pessoas apenas entediante.
As matérias com as quais se deu melhor sempre foram aquelas que requeriam encantamentos, feitiços, objetos mágicos, etc., uma atração posta em si desde que ela nasceu. Mas, podemos confessar, ela também gostava muito de entender os animais fantásticos, suas peculiaridades, mesmo que fosse apenas em livros ou com animais inofensivos, de pequeno porte, com os quais sempre se deu muito bem.
Na adolescência a menina passou a desenvolver-se biologicamente, chamando a atenção de alguns garotos comuns na cidade que frequentava a escola – sempre pequena, muito pequena, para tudo o que ela poderia ser. Salem nunca foi conhecida pela extrema grandeza, o que facilitava a sua inserção no mundo dos trouxas, bem como a sua existência no meio da cidade. Como uma pequena mansão que abrigava meninas recatadas, cujo sonho era apenas virar uma daquelas mulheres da alta sociedade e não mais que isso. Um dia a mulher confessaria que, no fim, a escola que tanto amava virou exatamente aquilo que ela desgostava. Mas, enquanto adolescente, via no Instituto uma forma de virar uma das maiores mulheres que a América bruxa poderia vir a conhecer (isso em sua cabeça).
Fica claro que sua ambição nunca foi pouca. Portanto, não tardou para que fosse contratada como professora do lugar onde estudou assim que finalizou seus estudos, já que os méritos acadêmicos angariados ali foram relevantes o suficiente para chamar a atenção da direção do lugar. Assim a morena conseguiu conquistar, pouco a pouco, seu lugar dentro da escola, de modo a, no fim, virar líder de uma fraternidade de bruxas, como que um clube mais privado, onde apenas as garotas que carregavam o broche do gato negro (um dos dormitórios do Instituto) conseguiriam encontrar seu lugar. Esse clube era um treinamento especializado em animagia, seu foco de pesquisa, e suas estudantes entendiam os aspectos mais compenetrados nessa área de estudos.
Enfim, certas ideias foram levadas à frente pela mulher até a direção através de projetos. Assinados por sua pessoa, Thompson acabou por adquirir um reconhecimento que, aos vinte e oito anos, fez dela subdiretora do instituto. Essa posição não lhe rendeu bons frutos, na verdade, já que a líder do lugar pensava muito retrogradamente: Jamie achava que Salem tinha o potencial para ser Ilvermorny, mas sua dirigente mantinha-se atenta a pensar em fazer o instituto respirar. Anos passaram-se até que Jamie compreendesse que seu lugar em Salem já expirara. Eram necessários novos ares, adquirir uma bagagem maior para, enfim, regressar ao seu lugar do coração e revitalizar aquilo que lhe deu meios de ser uma bruxa muito diferente das colegas formadas consigo.
Portanto, assim que soube que havia uma chance de ingressar em Durmstrang, não se intimidou e enviou seu currículo. Esperava, no fim, ser aceitar. E sabia que daria seu melhor para que conseguisse a tal chance.