Dom ou Maldição? Lara Vásquez nunca conseguiu passar mais de cinco minutos parada, quando bebê, de um modo que seus familiares jamais conseguiriam explicar, ela conseguiu desparafusar todo o berço onde deveria estar dormindo, despencando do mesmo, gerando a primeira de muitas cicatrizes que marcam o seu corpo. Durante sua infância, o episódio do berço foi esquecido, visto que a cada novo dia a pequena parecia aparecer com algo completamente novo, criado dos mais diversos objetos possíveis, com as mais diversas ferramentas imagináveis, como o dia em que ela conseguiu montar um pequeno helicóptero com ligas e prendedores de papel, ou quando invadiu o sistema da casa para que ela se arrumasse sozinha, na ocasião, havia-lhe sido informado que só poderia brincar após cumprir seus afazeres.
Orgulho, definia o modo como a jovem mãe da pequenina se sentia com relação aos talentos claros de sua prole, ainda criança, quando nem sabia ler, sua mãe costumava a levar até a velha biblioteca do Sr. Valdez, um ancião cujos conhecimentos iam além de todos os demais, pela idade, descendência, ou qualquer outro motivo que a pequena certamente não se recordava. O fato é que naquele pequeno, apertado e sombrio cômodo, seus conhecimentos foram ampliados, lapidando, aos poucos, o talento natural da menina.
O orgulho atingiu pontos indescritíveis quando a pequena recebeu sua carta, mal sabia ler, certamente não compreendia as dimensões daquelas palavras, mas curiosa e afoita como sempre, jogou a pequena mala em suas costas e enfrentou o que viriam a ser os melhores e piores anos de sua vida. Hogwarts era mais do que um castelo, era as portas para tudo o que ela não conseguia encontrar definições para, como todos os sentimentos, sensações e intuições que possuía, logo menos começou a fazer experimentos utilizando seus conhecimentos em tecnologia com aquilo que vinha aprendendo na Escola de Magia, uma combinação considerada arriscada por muitos, desejada por outros, mas vastamente utilizada por ela.
Como tudo isso poderia se tornar uma maldição, você deve estar se perguntando. Uma noite, talvez a única que jamais deixaria suas lembranças, em meio aos experimentos, algo deu incrivelmente errado, algo imprevisível, diria alguns, mas, no fundo, Lara sabia não ser o caso, ela tinha experiência suficiente para saber que nenhum experimento deveria ser posto a práxis sem que fosse testado, a soberba e ansiedade a impediram de o fazer... KABUM! Fogo e fumaça! Foram as únicas coisas que ficaram registradas em sua mente ainda adolescente.
Ela, a brilhante Lara Vásquez, havia causado a morte de sua mãe!
Um grande vazio veio a separar a pequena Lara do momento no qual se encontrava atualmente, de aprendiz de engenhocas e bruxa mais brilhante de sua época ela foi transferida para a casa de uma família distante, a única que possuía, onde as pessoas, em especial as mulheres, eram responsáveis por entreter grande e importantes pessoas de Bruges. “Essa história de Magia”, teve que ser esquecida e em seu sétimo ano, foi afastada abruptamente daquele mundo. Por sorte, falta de talento, ou beleza, a pequena foi considerada inútil para aprender a função ‘familiar’, sendo lhe dado roupas masculinas, estas que, com o passar do tempo, passaram a lhe representar mais do que qualquer vestido um dia o fez, passou, também, a responder por Théo Vásquez, jovem de pouca beleza, mas muito espirituoso, cujas piadas costumavam entreter os frequentadores da casa.
Quanto as engenhocas e magia? Estas foram abandonadas, claro que sempre que havia algo em suas mãos, transformações ocorriam, mas o jovem Théo, ao contrário da pequena Lara, nada fazia para explorar o talento natural, escondendo-se em sorrisos fáceis e lembranças amargas.