Deimos, ou suas variações Déimös, Dammôs ou Demiós, todos são sobrenomes de uma família abastada e antiga no mundo bruxo; datada desde o século XVI, costumava ser uma família simples de pastores de tronquinos (animais completamente domesticados semelhantes a ovelhas, porém maiores e têm o costume de dormirem em paredes), pastores que apesar de muito humildes, gostavam de preservar as conexões de linhagem por motivos religiosos e espirituais, leia-se, bruxos puro-sangue com suas crenças pessoais. Apenas no início do século XVII que o nome Deimos se aposentou do ramo de fazendeiros e passou a se ligar na arte trouxa, contribuindo amplamente com o movimento Barroco, carregando nomes de peso como Cosmin Costel Deimos, famoso por diversos quadros, e seus irmãos Dumitru Emilliano Deimos e Fane Costica Deimos, escultor e arquiteto respectivamente; com os três, as finanças da família passaram a melhorar, com a ajuda de Constanta Doina Deimos, a única irmã dos três e também matemática não muito famosa, eles foram capazes de administrar sua pequena fortuna e passar para as próximas gerações.
A família foi capaz de viver um bom tempo sem dificuldades, porém sem muitos luxos também, enquanto mais membros da família se aproveitavam da arte trouxa para faturar; até a ocorrência de um evento muito específico no século XIX, onde a jovem de vinte e um anos Dorina Deimos, filha do atual chefe da casa Deimos, encontrou não muito longe da casa da família uma dragoa grávida da raça Antípoda Opalino, que não conseguia voar, o animal havia sido atingido por um raio durante a tempestade da noite anterior em que fora achado; Dorina chamou por ajuda, e a família foi gentil para ajudar a dragoa, que foi cuidada nos fundos da casa da família por todos os membros, e eventualmente quando descobriram que ela colocou três ovos, a chamaram de Anca, um nome que significa favore e graça. O que não é menos do que ela merecia, já que graças à tal, e aos ovos, Dorina agora chefe da família, expandiu o lar dos Deimos para voltar a família às raízes de criar animais, os tornando agora criadores de dragões. De início se limitaram aos descendentes de Anca, porém mais oportunidades foram surgindo com o tempo, o dinheiro foi entrando, precisavam aumentar o espaço de onde criavam seus animais, e até o final do século a família Deimos já havia se tornado uma das mais famosas pela criação de muitas espécies dos tais répteis; é possível dizer que enquanto o século dezenove terminava, a fortuna dos Deimos apenas começava.
A partir daí, a família passou a ser reconhecida enfim como uma família rica, que persiste até os dias de hoje como criadores de dragões. A atual chefe da família é Amélie Beldam Deimos, com sua única sucessora Fukai Deimos. Amélie nunca se casou, foi aos vinte e cinco anos que foi atacada e estuprada por um bruxo pouco mais novo que ela que tinha uma paixão obsessiva pela tal, do qual acabou engravidando, o homem não foi poupado pela família que o torturou com a maldição imperdoável crucius, antes de enfim o matar; a chefe enquanto isso, decidiu prosseguir com a gravidêz, contrariando seus pais que imaginavam que seria melhor não colocar a criança no mundo. Fukai nasceu exatamente no dia que estava previsto para que nascesse, de um parto normal, o que a destacou para o resto da família, foram seus olhos amarelos quase brilhantes, Amélie pegou sua criança no colo e sorriu. Nenhum de seus parentes conseguia entender so motivos para suas decisões, e sinceramente estavam muito duvidosos quanto ao relacionamento dela com a criança, principalmente após a escolha de nome. Deimos, o nome da família, já significa desespero, Fukai significa profundo; o nome da menina era profundo desespero, foi apenas proposital que Amélie colocasse esse nome, mas ao contrário do que parecia, ambas sempre tiveram uma grande conexão, se entendiam apenas com olhares e já caíam rindo, no início foi difícil para os parentes se acostumarem, sempre ficavam por perto com medo de que Amélie surtasse ou apenas desistisse, porém, nunca aconteceu. Assim continuava o questionamento da verdadeira índole da mulher para com a criança. No aniversário de dez anos da mesma, sua mãe a tirou da festa de maneira sorrateira, e a levou pelos corredores da mansão, mais especificamente os da ala norte, onde estavam os quadros dos chefes da família. Amélie passou por cada um deles com sua filha de início sem dizer uma palavra, até chegar em seu avô. O discurso que dera não foi nada breve, mas explicava muitas coisas.
"Há um motivo para o nome da nossa família significar desespero, sabia? Inúmeros bruxos sentem isso, assim como eu, assim como você, consegue sentir, minha filha?" Houve uma pausa. "É como uma maldição, sempre haverá alguém que sente e sabe o que realmente é nossa existência, magia... é puramente caos se manifestando em indivíduos que não têm mais espaço em suas mentes para o desespero, isso... é muito mais evidente em alguns." A menina apenas ouvia as palavras da mãe atentamente, sem apresentar confusão alguma. "... Sempre soubemos disso; no entanto, poucos de nós realmente tivemos a força para falar sobre. Como um segredo de família... que todos sabem, mas ninguém tem a coragem de mencionar." Amélie riu baixinho. "Foi a partir desse 'segredo', que meu pai decidiu entre eu e meus irmãos como próximo chefe, dentre nós, quem ele sentia ser a criança mais perturbada venceu. É assim que sempre foi, o mais perturbado, o que mais tem potencial mágico... o mais desesperado." Amélie passou a observar o próprio quadro, que estava ao lado do de seu pai. "Queria que a história do seu nascimento fosse mais bonita, definitivamente, mas... foi assim, e eu escolhi prosseguir. Sabe o que seu nome significa, Fukai? É profundo. E seu nome completo significa desespero profundo, eu acho muito belo."
"Me parece aterrorizante." A menina interrompeu. Por que de fato era, que tipo de criança iria se deparar com tais reflexões de vida tão nova? "Por que escolheu esse nome?" Fukai questionou, não satisfeita com o discurso.
"... como eu disse, poucos de nós Deimos tivemos a coragem de encarar o que somos e de que somos feitos, meu pai por exemplo nem ao menos ousava dizer o nome daqueles que o fizeram. Eu sou diferente dele, e diferente deles, eu quero que essa maldição mude ou apenas... se acabe. E isso depende apenas de você." A menina fez uma cara surpresa, e Amélie continuou, se abaixando na altura da filha para segurar suas mãos. "Nenhum de nós tivemos a força de vontade para entender e explorar tudo dentro de nós, e eu... descobri o que deveria fazer tarde demais. Você precisa começar desde já para compreender a si mesma, conversar com seus demônios interiores e nos ensinar. Ou melhor, ensinar seus sucessores."
"Eu ainda não entendo..." Reclamou Fukai, e Amélie apenas se silenciou por um breve momento, olhando nos olhos púrpuras de sua filha.
"... imerja em seu desespero, Fukai. O mais profundo que puder, porém não se perca, você precisa se manter sã o suficiente para compreender a si, seu desespero, e sua mágica. E tirar sua família do sofrimento. Entenda... e passe seu conhecimento adiante. Talvez você não compreenda agora, mas eventualmente... você vai."
O aniversário continuou e terminou normalmente, mas Fukai não tirava aquilo da cabeça. Estava curiosa, melhor, estava determinada. Ela sempre foi uma menina mais esquisitinha do que o padrão da família; seu rosto com uma expressão constantemente blasé costuma intimidar quem não a conhece, mas isso nunca foi um problema para nenhum de seus parentes, Fukai tinha seu jeito especial de ser; quieta e raramente falava, porém não tinha medo de dizer o que pensava, nunca descansando até ter atingido seus objetivos, ou assustando os outros por ser excessivamente quieta por onde andasse. Ainda que não fosse uma pessoa muito organizada ela sempre mantém o objetivo principal bem claro em mente, não se importando muito com qual seja o caminho que deva seguir para realizá-lo. A conexão de Fukai com sua família sempre foi muito importante para ela, principalmente o sentimento de pertencimento que tinha quando estava junto com eles, e faria de tudo para proteger aqueles que ama, e a conversa que teve com sua mãe em seu aniversário apenas ascendeu mais essa chama de proximidade e amor.
A falar de aniversários, foi aos onze anos em que recebeu a carta de aceitação à Hogwarts; o envelope parecia pesar em sua mão enquanto encarava todos os membros de sua família com clara ansiedade apesar de sua expressão branca. Dedilhou o brasão carimbado na cera vermelha que fechava o papel, ponderando se deveria ou não abrir a carta, ganhando confiança o suficiente ao olhar aqueles que amava, sorrindo em aprovação para ela. Fukai abriu o envelope de mãos trêmulas, e lendo em voz alta o conteúdo dentro. "Prezada senhora Deimos, temos o prazer de informar que vossa senhoria tem uma vaga na escola de magia e bruxaria de Hogwarts." E com as simples palavras, toda a sala explodiu em gritos de alegria e risos, parabenizando a menina pela conquista, a maioria das pessoas da família Deimos estudaram em Durmstrang ou em Beauxbatons, já que são as mais próximas deles, apenas alguns tiveram o prazer de estudar em Hogwarts, e Fukai já estava animada para tal.
[Ojesed] - Maior Sonho: O espelho está completamente vazio, apenas um fundo negro e vazio.
[Testrálios] - Viu a Morte?: Sim